12 OUT 2024, 20h

  • CASA DA DANÇA - Ponto de Encontro

FERRAMENTAS PARA O AMANHÃ I Partilha Lab/ Performance

GUSTAVO CIRÍACO E ALI TALAAT

 

FERRAMENTAS PARA O AMANHÃ

O que se aprende ao abrir os olhos? Por onde a nossa atenção vaga em curiosidade pelo mundo? Do que se vê, o que se torna conhecimento, vertigem, mistério? Dos olhos à boca, da boca à palavra, da palavra ao ouvido e novamente aos olhos, o mundo se processa e através dele todos nós como matérias pensantes, afetivas, sensíveis. Mergulhados no presente, lançamos âncoras para o futuro.

FERRAMENTAS PARA O AMANHÃ é um laboratório criativo que convida os participantes a um diálogo entre dança, arquitetura e educação. Ele une os conceitos de “If Copy Then Value” (Se copiar, então adicionar valor), uma pesquisa sobre propriedade e autoria, iniciada pelo arquiteto e artista egípcio Ali Talaat, e o processo criativo de “Yesterday’s Tomorrows”, uma série de performances concebidas pelo coreógrafo brasileiro Gustavo Ciríaco em conversa com dois importantes educadores que viam o aprendizado como uma prática para a autonomia: o teórico alemão Friedrich Fröbel, inventor do Jardim de Infância, e o renomado educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, autor da Pedagogia do Oprimido.

O jardim de infância foi uma iniciativa educacional surgida na Alemanha em 1837, a qual defendia a educação infantil através de brincadeiras criativas, imaginativas e espontâneas. Através de atividades e jogos, o ambiente e a dinâmica das crianças foram introduzidos no processo de aprendizagem. Ao enfatizar o fazer ao invés da comunicação verbal das coisas, Fröbel defendia que a mente cresce através da auto-revelação, possibilitada por brinquedos lúdicos de aprendizado.

Para Paulo Freire, a educação serve às pessoas para ganhar acesso crítico ao mundo imediato em que vivem, ao adotar e usar em seu método as próprias referências e contextos dos alunos como base do processo de ensino. Através da alfabetização de adultos empobrecidos, como forma de promover a dignidade humana para pessoas oprimidas, Freire defendia a consciência de ler uma palavra, como ler o mundo.

Este laboratório busca conectar estes dois universos pedagógicos, usando a dança como uma instância de conhecimento, a fim de investigar, ativar e explorar os princípios educacionais que fundaram ambas as pedagogias aliados aos objetos desenhados por Ali Talaat, cuja construção girou em torno do desenvolvimento de ferramentas por meio de métodos experimentais de cópia, liberando ideias de restrições de direitos autorais e incentivando o desenvolvimento posterior por vários indivíduos.

Por fim, o workshop inspira-se nos princípios da pedagogia de Froebel, incorporando o movimento como material principal, e na ênfase de Freire no poder das palavras. Froebel achava que a paisagem natural era um playground ideal para explorar texturas, espaços e dimensões. Por outro lado, Freire via as atividades cotidianas, sociais e de trabalho como oportunidades para entender e construir conhecimento, usando a linguagem cotidiana como uma ferramenta para aprender e compreender o mundo.

Entre a vertigem do desconhecido e a lucidez da manipulação da matéria, como processar este hoje, o futuro de um passado que se tornou presente, este amanhã de ontem?

Ferramentas para o Amanhã | Tools for Tomorrow recebeu apoio do Performing Arts Programme of AFAC – Arab Funds for Arts and Culture.

 

 

 

LOCAL: Casa da Dança – Ponto de Encontro
ENTRADA GRATUITA
reservas: casadadanca@casadadanca.pt

foto: ©Aly Soliman


 

Gustavo Ciríaco (Rio de Janeiro) é um coreógrafo e artista multimídia brasileiro radicado em Lisboa. Ciríaco tem desenvolvido, ao longo dos anos, um corpo multiforme de obras de arte que se situa entre as artes visuais e performativas, passando por projectos de exposições ao vivo e trabalhos site-specific onde arquitetura, paisagem e ficção se encontram em performances conversacionais. As suas obras têm sido apresentadas em importantes festivais, galerias e instituições de arte nacionais e internacionais, tais como FABRIC/Fall River; Crossing the Line / Nova Iorque; Casa Encendida / Madrid; Museu de Serralves /Porto; Mercat de Flors / Barcelona; Alkantara, Culturgest, TNDM II, ZDB, Museu Berardo / Lisboa; Ferme de Buisson, Paris Quartier d’Été / Paris; Tanz im August / Berlim; Al-Mammal Foundation / Jerusalém; Festival de Teatro de Praga / Praga; Vooruit / Gante; Tokyo Wonder Site / Tóquio; Digital Art Center / Taipé; CENEART / Cidade do México; Panorama, Tempo Festival, CCBB / Rio de Janeiro; Arqueologías del Futuro / Buenos Aires; Bienal SESC de Dança, Itaú Cultural / São Paulo; Salon 44 / Pereira; Walk & Talk – Festival de Artes / Ponta Delgada; London Festival, Battersea Arts Centre, Laban Centre, Chelsea Theater / Londres; NottDance / Nottingham; Arnolfini / Bristol; Metropolis / Copenhaga; NAVE / Santiago; FIDCU / Montevideo; Danzalborde / Valparaíso; San Art Gallery / Ho Chi Minh; Bellas Artes, Manila; entre outros.

 

Ali Talaat é um artista em um corpo de arquiteto, apaixonado por explorar a interconexão entre arquitetura e arte. Ele adquiriu uma experiência valiosa trabalhando com vários artistas, o que moldou sua abordagem bilíngue da arte. Por meio de suas práticas situadas, ele pretende criar soluções que ultrapassem os limites da criação artística. Por isso, começou a pesquisar o mercado de arte no Egito para obter insights sobre a cena artística e cultural diversificada e dinâmica do país. Ele questionou a definição real de arte em relação ao seu contexto.
Sua pesquisa foi profundamente influenciada pelos escritos e conceitos que envolvem a mobilidade social, servindo como um elemento fundamental em sua investigação dos mercados de arte. Ali acredita no poder da cópia como uma ferramenta de auto-educação e crescimento. Além de suas atividades arquitetônicas e artísticas, Ali é estrategista criativo e curador, sempre buscando novas maneiras de ampliar os limites do que é possível na interseção entre arte e arquitetura. Em 2022, ele começou a dialogar com diferentes artistas de várias mídias e a colaborar com a nuvem de “If Copy Then Value”, acreditando que o método de cópia é uma ferramenta de deformação que preserva a ideia do trabalho em uma forma diferente e não copiada.