Menos por Menos é Mais

Começa na ponta do dedo. Uma sensação que se propaga então pelo resto do corpo e me faz recuar. Também podia avançar, mas recuo. Corro até à próxima paragem. Páro. Volto à sensação. Desta vez, a ponta da orelha. Não sei como se propaga, mas tenho comichão. Avanço. Não, tenho que recuar. Como se faz? É sempre menos do que o esperado, menos do que o desejado. Tenho vontade de explicar. Parar e usar as palavras. Mas a linguagem é demasiado específica para ser partilhada e não vou falar. Não fosse esta sensação, eu estaria parada. Imóvel. O silêncio. A dor do silêncio, o som do silêncio, a narrativa do silêncio. Isso sim é mais.

Foto: Diana Cardoso

Projeto com co-produção de balleteatro|Corpo+Cidade, inserido no Festival DDD

Apoio: Fundação Calouste Gulbenkian

Apoio Residência Artística: Companhia Olga Roriz, Casa da Dança – Almada.