João dos Santos Martins

Feodor Chaliapin demonstra como não se deve cantar, Paris, 1935.
Foto: Aigner Lucien. International Center of Photography

 

RESIDÊNCIA
JOÃO DOS SANTOS MARTINS
06 – 17 FEV 2023

Está visto (Interlúdio lírico, 2023)

Um bailarino que não sabia dançar, um cantor que não sabia cantar, um ator que não sabia atuar, um escritor que não sabia escrever, um pintor que não sabia pintar. Um bailarino que cantava, um escritor que pintava, um ator que escrevia. Era preciso saber-se fazer para saber-se ser. Enquanto as linhas ténues que separam o ser do fazer, o eu da acção, a coisa do sujeito, são confusas, há algo que permanece inapto e disfuncional. Um monstro que não cumpre a função.


De e com João dos Santos Martins
Decoração: Ana Jotta
Piano: Joana Sá
Estreia: maio/junho de 2023


João dos Santos Martins (Santarém, 1989) é artista e o seu trabalho abrange várias formas como a coreografia, a exposição e a edição.

Começou por estudar na Escola Superior de Dança, em Lisboa, e na P.A.R.T.S., em Bruxelas, e concluiu os seus estudos entre o e.x.er.c.e, em Montpellier, e o Instituto para Estudos Aplicados ao Teatro, em Giessen.

Desde 2008, tem articulado a sua prática entre a criação de peças e a colaboração como bailarino com outros autores como Ana Rita Teodoro, Eszter Salamon, Moriah Evans e Xavier Le Roy. Os seus trabalhos são geralmente desenvolvidos colectivamente como em Projecto Continuado (2015) e Companhia (2018), com Ana Rita Teodoro, Clarissa Sacchelli, Daniel Pizamiglio, Filipe Pereira e Sabine Macher, Antropocenas (2017), com Rita Natálio ou Onde Está o Casaco? (2018), com Cyriaque Villemaux e Ana Jotta.

O seu interesse pelas genealogias da história da dança, processos de transmissão e a aliança entre prática e discurso, levo-o a criar, com Ana Bigotte Vieira, um dispositivo para o mapeamento colectivo da dança em Portugal — Para Uma Timeline a Haver; e a fundar um jornal semestral — Coreia — dedicado a escritos de artistas, e não só, em especial relação com a dança. Por vezes faz curadoria, como o ciclo Nova—Velha Dança (2017) em Santarém, a mostra p de dança — a Gulbenkian e a Dança em Portugal (2021), na Fundação Calouste Gulbenkian; ou o plano de estudos para o programa PACAP 4 (2020) do Forum Dança. Neste âmbito, tem ainda explorado em colectivo ideias de curadoria expandida como Curadura e Sarau Parasita, onde se interligam práticas de pensar dispositivos, a relação com as instituições e os seus públicos.

A sua peça Projecto Continuado (2015) recebeu o prémio de Coreografia pela Sociedade Portuguesa de Autores em 2016.