Enjoy the weather cresce a partir da leitura de ‘A vida das plantas’ de Emanuele Coccia. Este ensaio poético e filosófico adopta o ponto de vista das plantas para compreender o mundo não como uma simples colecção de objectos, mas como um espaço de interacção metafísica, onde todos os seres vivos partilham o mesmo sopro. Seguindo esta hipótese, o processo criativo é concebido como um corpo comum, como um ecossistema, que resulta de um conjunto de relações, interacções e afectações. Nas residências artísticas experimentam-se modos de encontro, partilha, prática, criação e apresentação, investigando como percepcionamos e agimos neste mundo interconectado, impermanente e interdependente.
Após quatro semanas de residência na Casa da Dança, eu, tu, o David, o Jean-Baptiste, o Mestre André e a Sabine, vamos fazer o primeiro estúdio aberto do projecto Enjoy the weather. O estúdio aberto consiste num momento de encontro entre nós, que procura desafiar os limites entre o espaço da investigação e o espaço performativo. Propõe seres activo na experiência e no processo e não apenas espectador de um objecto formal finalizado.
É um convite a praticarmos em conjunto um modo de atenção e de percepção do lugar onde estamos e das relações que existem. Neste exercício de perspectiva e meditação, inspiramos e expiramos sobre os limites, a abertura, a continuidade, a circulação, a mistura. Procuramos práticas que integrem no mesmo impulso o fazer, o contemplar e o interpretar.
(Teresa Silva)
Teresa Silva (Lisboa, 1988) é coreógrafa e bailarina, actividades que no seu percurso se informam mutuamente. Desenvolve o seu trabalho desde 2008, realizando colaborações com artistas nacionais e internacionais, movendo-se principalmente entre Portugal, França e Itália. É transversal às suas obras a reflexão sobre o tempo, a relação entre figura e fundo e o uso da cenografia como matéria coreográfica. Formou-se pela Escola de Dança do Conservatório Nacional, Escola Superior de Dança e pelo Programa de Estudo, Pesquisa e Criação Coreográfica do Forum Dança.
David Marques é intérprete e coreógrafo. Estudou na Escola Superior de Dança e no exerce do CCN de Montpellier, dirigido por Mathilde Monnier. Tem-se debruçado sobre as questões do olhar e do tempo, procurando criar espaços de relações improváveis nos seus trabalhos. Das suas criações destaca com Ido Feder a trilogia ‘Bête de Scène’/ ‘Images de Bêtes’ / ‘THE POWERS THAT B’; com Tiago Cadete ‘Apagão’; ‘Ressaca’ e ‘Mistério da Cultura’. Tem trabalhado como intérprete com Loic Touzé, David Wampach, Francisco Camacho, Filipa Francisco, Tiago Guedes, Lucie Tumova, Raquel Castro, Tiago Vieira e Emily Wardill.
Jean-Baptiste Veyret-Logerias é performer e criador. Tem feito do corpo o principal veículo de
vários projectos coreográficos e vocais. Em 2005-2006 forma-se pelo programa Essais do CNDC de Angers. Trabalha com artistas como Myriam van Imschoot, Martine Pisani, Deborah Hay, Grand
Magasin, Dennis Deter, Begüm Erciyas, Robert Steijn & Frans Poelstra, Ivana Müller, Daniel
Larrieu e Yannick Guédon. Trabalha como coach vocal em projectos de Mylène Benoît, Nina Santes, Simone Truong, Yoann Bourgeois e Emmanuelle Vo-Dinh. Em 2015 graduou-se em Psicopedagogia perceptiva e somática/método Danis Bois na Faculdade Fernando Pessoa no Porto.
Mestre André é um artista sonoro, mestrado em Artes Musicais pela Universidade Nova de Lisboa
com investigação no seio da World Soundscape Project (SFU, Canadá). É apicultor envolvido no
pensamento ecológico da estética em contextos naturais. O seu trabalho reflecte sobre um pensamento ecológico da prática criativa e das relações estéticas dentro de contextos naturais, humanos e não-humanos. Tem um artigo, “Towards a Rewilding of the Ear”, publicado pela Cambridge University Press na Organised Sound journal. Trabalha como field-recordist, performer, compositor e sonoplasta para filme, dança, performance, teatro e video-jogos.
Sabine Macher é bailarina, escritora e fotógrafa. Concebe projectos em que reforça as condições mínimas das artes performativas. O seu trabalho desencadeia-se pela observação, descrição e sinestesia e é atraído pela imanência e as suas formas. Da sua formação salienta o contacto com Odile Duboc, Tandy Beal da Escola Cunningham e com a Trisha Brown Dance Company. Tem trabalhado com Georges Appaix, Laurent Pichaud, Eleonore Didier, Alain Michard, Mickaël Phélippeau, Xavier Leroy, Thierry Baë, João dos Santos Martins, Ana Rita Teodoro, Tino Sehgal, Robert Cantarola, Daniel Jeanneteau e Alain Fourneau.